terça-feira, 9 de outubro de 2007

Amor de maricota [no sertão até o coração seca]


[Aura pura de boneca. Cabelos lambuzados com o mais doce mel. Saia de chita e flor de crochê. Olhos de amora madura. Enfeites no pescoço e couro no pé. Pele macia como lençol de algodão. É moça menina na ciranda de som. É melodia dos pássaros. E quente como o sertão. Intensa como a caieira. E forte como o trovão.
Trovão que assim como Maricota, divide o céu e a terra!!! Um chão rasgado para dançá! Laços e fitas sempre a voá! Uma paixão usada que pode enjoá. Maricota quer um Nêgo pra gostá! Com gingado no pé e inocência na alma. Um cangote pra cherá. Um olhar que batuque o seu coração. E alguns cachos pra enrolá. Ah, e tem que ser carregado no tempero!!! Tem que ter o gosto da terra e a cor do pecado. Essa Maricota só pensa em namorá. Só sonha em beijá nessa geografia solitária de pedras quentes. Quer um parceiro pra seguir nessa vereda de flores mutantes. Quer poesia a toda hora.
Lágrimas de alegria: água pura todo dia, pra lavá a secura do seu coração. Não é pra menos. Nesse lugar de mente só e corpo fraco. A saída é ter alguém pra bater um papo. Um ouvido pra ouvir sua tristezas. Um alguém que faça tranças e caretas. E deite na rede, pra contar estrelas e ver o sol nascer. Nesse mundo de solidão, a Maricota só quer o ganha pão. O alimento que dá forças pra viver. A energia pra superar a dor.
A Maricota só quer saber o que é amor.]